sexta-feira, abril 24, 2009

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Quando era freelancer tinha muito mais histórias para contar. E mais giras. Com mais pessoas reais. Agora a minha observação do mundo limita-se a perceber se a pessoa que estou a entrevistar está ou não a dizer verdade.

quarta-feira, abril 22, 2009

Manifesto: Ser ninguém é bom!

Do comboio da Fertagus, que me levava desde Corroios até Entrecampos, vi um cartaz pendurado na parede de um colégio. Vejo esta escola de recreio limpo todos os dias quando estou sentada à janela. Vejo as crianças de bibe aos quadrados, vestidos de igual, penteados de igual. Os pais deixam-nos à porta, em carros bons, outros nem por isso.
A frase atingiu o meu estômago em segundos. Dizia: "Ou protagonistas ou ninguém". Naquele momento só me apeteceu soltar um grito de exclamação, daqueles de fazer voltar as cabeças dos passageiros. Refilei em silêncio, apontei a frase espetada naquele cartaz gigante, impresso em plástico de qualidade (deve ter custado uma fortuna), para não me esquecer. "Ou protagonistas, ou ninguém". Educar não é isto. E só me apetece fazer um manifesto pelos "ninguéns" onde me incluo. Ser ninguém é bom!
Não me quero cruzar na rua com as crianças que estão a ser formatadas naquele colégio caro. Tenho a certeza que cospem para o chão, desprezam os taxistas e empregados de mesa, têm o nariz empinado, pensam que são bons e confiantes mas ainda dormem na cama dos pais.
São, de certeza, MBAs engravatados, que só falam num jargão decorado da Harvard Business Review (que subscrevem só para ler os títulos) e têm amigos com empregadas para cuidar dos filhos só porque querem jogar playstation e o bebé faz muito barulho.
Eu não quero estar no lado destes protagonistas. E a direcção daquele colégio devia ser recambiada para o Bairro da Jamaica no Seixal para poder aprender e ver quem são os verdadeiros protagonistas.