segunda-feira, junho 26, 2006

Apontamentos

Mário, 85 anos, e Floripes Silva, 83 anos moram nos Foros de Amora, numa vivenda de madeira a que chamam casa de praia. As leituras não correm bem, até porque os olhos cansados não ajudam a focar as letras. Mário conta com visível ironia que a primeira vez que entrou numa escola foi aos 45 anos para fazer o exame da 4ª classe.

Apesar da idade e da cadeira de rodas que lhe impede os movimentos, Floripes segura um livro de Aquilino Ribeiro e esforça os olhos para ler.

A D. Laurinda gostava de “ler qualquer coisa do António Lobo Antunes”. Sem nunca ter tido a hipótese de estudar e com um filho deficiente a seu cargo, gosta de “leitura realista e expressiva”. Em quinze dias leu o primeiro volume de “O tempo e o vento”, de Eurico Veríssimo.

quarta-feira, junho 21, 2006

O dia mais longo do ano

Hoje é o dia mais longo do ano. O Verão já chegou às 13h26 e só vai terminar na madrugada de 23 de Setembro. Segundo a Lusa, o Sol nasceu ainda na Primavera, às 06h12, e só vai desaparecer às 21h05. Já sinto o cheiro das férias...

domingo, junho 18, 2006

A bandeira do futebol

Mais do que a bandeira de Portugal, o que vemos à janela das casas por esse país fora é o símbolo da selecção de futebol. Serve para tudo: para vender mais jornais, para ganhar mais clientes, para dar ainda mais ânimo e euforia aos adeptos que fingem durante um mês ser mais patriotas que o Presidente da República. Não interessa se se invade o espaço, as cores da bandeira com logótipos de empresas ou frases publicitárias. O que importa é que 90% do espaço ocupado no pano traduz o símbolo nacional e com isso iludir os fervorosos consumidores. Enquanto eles desfilam com o pano das cores nacionais, divulgam o produto e a marca de um qualquer banco ou loja de tintas.
Não tenho bandeira à janela, não me choca que na minha rua haja novas cores nas varandas, mas não deixa de me irritar a presença de símbolos e marcas num espaço que deve ser respeitado. A bandeira é um símbolo de uma nação. Não devia ser utilizado para fins comerciais.

domingo, junho 11, 2006

quinta-feira, junho 08, 2006

Tribos

A minha veia de repórter está a atenuar-se, à medida que o olho e as mãos se destreinam de rotinas. Ontem fui ao SBSR e havia muito para escrever sobre a tribo que vibrou com todos as bandas - fantásticas - e gritou com a força permitida pelos pulmões. Pular, dançar, gritar, rir alto no meio da multidão é uma terapia fabulosa. E ontem, apesar do cansaço e de todas as preocupações, deixei naquele recinto todos os meus medos. Expulsei-os com um berro ao som de "what do you, do you, do you want to". Melhor do que ir a um spa.