terça-feira, setembro 26, 2006

Ligações


Será estranho não sentir qualquer melancolia ou pena ao abandonar uma casa onde vivi durante dois anos? É pouco tempo, mas é no nosso habitat que passamos o nosso tempo, que rimos e choramos. Ao ver as paredes sem quadros, a ausência de tapetes e os pregos inestéticos espetados por todo o lado, não me ocorre nenhum pensamento de saudade. Estou, até, aliviada por finalmente ver o desfecho desta novela. Não vou ter saudades. Nem do campo. Nem das ovelhas.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Café

Gosto de entrar num café em Lisboa e de ouvir os clientes a serem tratados pelo nome. Gosto da familiaridade que não exagera, que não é intrometida, que é educada e sensível. Gosto do cheiro de casas antigas, cheias de recordações e momentos perdidos. Gosto de passear nas ruas estreitas, de subir as calçadas e ouvir o som dos meus sapatos nas pedras. Tac, tac, tac.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Espiritualidade

Este fim de semana estive num café que tem uma capela. É o primeiro em Portugal e copia uma ideia do Canadá, da década de 70. Enquanto se bebe um bica e se pede uma tosta mista, reza-se um Pai Nosso e uma Avé Maria. A mistura até parece estranha, mas diz quem arrancou com o projecto que o objectivo é agarrar todos os que se sentem afastados da Igreja.
Eu até gostava de me sentir mais próxima porque acreditar numa coisa que nos supera, que nos guia, é muito confortável quando a vida anda meio desnorteada. Sentir que estamos sozinhos no universo e que só servimos para nascer e morrer deixa-nos angustiados e, por isso, acreditar em Deus é uma espécie de bálsamo. Mas é difícil abraçar esta causa quando a visão que nos passam é limitada por muitas barreiras e fronteiras.
O café até podia ser um espaço de encontro livre com Deus ou com a fé de cada um, mas como sempre, há a tendência de limitar a liberdade religiosa a uma única verdade. Uma boa oportunidade seria, sim, um café verdadeiramente espiritual, onde pudéssemos reflectir, meditar, conversar sem censuras sobre o mundo que nos rodeia. Bebendo uma chávena de chá.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Coisas normais

Será normal uma auto-estrada ter tampas de esgoto de dois em dois metros na faixa da direita que, por sinal, foi acabadinha de fazer graças a um alargamento das vias?

terça-feira, setembro 12, 2006

segunda-feira, setembro 11, 2006

Mudar paradigmas

Acertar é humano. O ser humano ou acerta, ou aprende, não erra.
(Leila Navarro, oradora brasileira)

sábado, setembro 09, 2006

Arrumações I

Metade da minha sala já parece vazia. Arrumámos livros, molduras, velas e foi o suficiente para já sentir que a casa vai deixar de ser minha aos poucos. Ontem tivemos o último jantar com amigos aqui no PN e foi muito bom! Daqui a um mês será o primeiro na casa nova.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Mudanças II

Ontem disseram-me que na minha vida as coisas mudam muito depressa. Hoje é uma coisa e amanhã outra. Ponho-me a pensar e chego à conclusão que a única coisa que muda são os acessórios. Muda o trabalho constantemente, os textos, os acontecimentos, os cenários, mas o essencial mantém-se sempre firme. Apesar de todos os solavancos que tenho tido, não acho que a minha vida mude muito depressa. Tenho tendência até para achar que, neste momento, precisava mesmo de uma mudança séria de ambiente. Mudar de casa vem mesmo a calhar. E a ideia de ter um percurso direitinho e uma rotina esmagadora também não combina com a minha insatisfação permanente.
Ainda bem que posso escolher mudar as coisas e não ficar presa ao que os outros consideram ser "o caminho certo". Se calhar é por isso que dou muito valor a quem me dá valor. E esses estão sempre aqui para o que der o vier. Sim, a minha vida hoje é diferente da de há um mês atrás.
E depois?

quarta-feira, setembro 06, 2006

Mudanças

Parece que é desta que vou deixar o campo. Depois de muitos meses de grandes avanços e recuos, a escritura deve acontecer este mês! Vamos deixar os passeios à noite pela vila, os pastéis de nata quentinhos, o cheiro a vaca aos sábados de manhã (esta parte é boa!) e a calma que contamina todos os empregados das lojas de comércio local. Acho que nunca nos integrámos muito bem neste ritmo próprio do PN. Estamos habituados ao stress, a ser atendidos com prontidão. Mas também vamos perder coisas boas. Por exemplo, sentar numa mesa ocupada por um velhote (por não existirem mais livres) e tomar o pequeno almoço a ouvir a sua história.
Vamos mudar-nos para uma cidade nos subúrbios da capital, mas continuamos na margem esquerda do rio.