segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Gente

Este fim de semana estive em Lagos e conheci uma senhora que criou seis filhos sozinha. Também fiquei a saber onde é que se vendem os melhores bolos regionais com amêndoa nacional através do Sr. Costinha, com quem falei numa pastelaria. Apesar da chuva, o peixe assado continua delicioso. E as pessoas que se cruzaram comigo nestes dias deram-me o que eu mais amo. Uma certeza de que há gente. De que há pessoas com histórias, dispostas a partilhá-las numa mesa comprida e de bancos corridos.
A senhora, de quem nunca cheguei a saber o nome, saiu de casa e de um casamento violento com os seis filhos e consegui criá-los totalmente sozinha. Tinha e tem três empregos diferentes apesar dos seus 60 anos. Continua a limpar uma clínica, a ser interna numa casa de gente com algum dinheiro e ainda cuida de uma idosa senil. Tem o rosto digno e muitos netos que a adoram. O amor alimenta. Cada vez tenho mais certezas quanto a isso. Se não fosse o amor que ela tem pelos filhos (e por ela própria) nunca teria deixado o marido. "A minha vida dava um livro", disse-me, quando lhe perguntei como é que conseguiu sair de casa, a pé, com seis crianças pelas mãos. Há livros que mereciam ser escritos.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

A dobrar

Hoje é a dobrar. Estou à espera de uma resposta, aliás, de duas e enquanto o tempo passa, cada vez tenho mais pressa. Estou cansada e gasta. O meu cérebro está a um fio de adormecer. Andei demasiado de carro. Por caminhos que desconhecia e só vi estrada e estrada e estrada. Este isolamento está a provocar-me pânico da distância.

Aviso: Pode transformar-se em liberdade de expressão

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Comida

Cada vez mais me convenço que tenho uma estranha relação com a comida. Quando penso num prato, numa erva, num sabor particular, fico com água na boca. Literalmente. Só de pensar nos cheiros, vapores, texturas dos alimentos, de saborear cada ingrediente, fico com vontade de procurar uma nova receita e de experimentar. Adoro o programa "Na Roça com os Tachos", mas não há ninguém como o Jamie Oliver para me dar vontade de cozinhar. O meu irmão ofereceu-me um livro dele este Natal e as fotografias são muito sugestivas...
Se eu vencesse a preguiça que me corrói tantas vezes a alma, seria sem dúvida uma verdadeira gourmet. O meu almoço de hoje foi uma tosta de queijo com tomate, cogumelos frescos e manjericão (finalmente consegui comprar a erva fresca no El Corte Inglés). Estava uma delícia. Modéstia à parte, claro. Há dias que só fazem sentido quando temos uma nova receita para experimentar e inventar.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Milagre

Acho que o Nuno escreveu as palavras certas (http://iwentoutsidetoday.blogspot.com/). É muito difícil exprimir um sentimento que foi sendo construído ao longo de anos de amizade. Ver naquele berço quentinho do hospital a nossa querida bebé é indiscritível. É linda. Mesmo. Não digo isto porque a mãe dela é uma das minhas amigas mais chegadas e maravilhosas. É que ela é mesmo linda. Está bem com ela própria. Estou desejosa de a olhar com calma e lhe dizer que quero muito ser uma verdadeira tia emprestada. Que pode vir cá a casa brincar connosco sempre que queira. Estou desejosa de lhe fazer um bolo de chocolate e de a ver comer com um brilho nos olhos. Nascer é um milagre.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Bolas de sabão

O mundo é de plástico. Melhor. Há mundos que são de plástico. Com camadas de base espessa que esconde os defeitos todos da pele do rosto. De sorrisos para os flashes, de pose divertida, de vestidos que não se vendem na Zara ou em qualquer uma das lojas da multinacional espanhola. Cair de paraquedas num evento social e ver estas bolas de sabão (metáfora muito simpática até!) não deixa de ser divertido. As vozes anasaladas, repletas de "você" e outras expressões típicas de um Portugal dos pequeninos, podem causar-me arrepios, mas não deixam de me divertir. Os VIPS que proliferam nas revistas pertencem a um mundo que cabe numa caixa muito pequena: a televisão. É ela que lhes dá vida, que cria personagens festivos, bem vestidos e cheirosos, com o glamour próprio de uma novela.
Estas pessoas vão a quase todos os sítios de graça. Recebem quilos de convites, são tratadas como "importantes". Enchem as salas nas ante-estreias ou na apresentação de livros para que o povo que paga bilhete lhes siga os passos. São bonecos numa estratégia de marketing cultural à escala de um Portugal de 10 milhões de habitantes. Alimentam a indústria dos media e os sonhos de quem folheia as revistas de corazón. São puro entretenimento. A mim, divertem-me!

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Infância

É incrível ouvir as músicas que nos acompanharam durante a infância. Um misto de alegria com saudade. Chega a ser até emocionante. Incrível como um anúncio como o do Quitoso ou a música do Vitinho nos despertam os sentidos. Faz-se uma espécie de viagem até esses momentos concretos da infância, das histórias antes de adormecer, das fantasias imensas que pensávamos que eram realidade. Acho que o nosso cérebro vai encolhendo à medida que crescemos. Em criança, aqui dentro havia um espaço imenso para descobrir. Ainda bem que há quem aplique o seu tempo livre a fazer sítios como este... Fazem as delícias dos trintões e dos "vintões" que estão a caminhar para lá... http://www.misteriojuvenil.com/piratas_momentomagico.htm

sábado, fevereiro 04, 2006

Quando cai neve...


As montanhas não pareciam algodão doce. Faziam-me lembrar as cavacas, aqueles doces das Caldas da Rainha ocos por dentro e cheios de açúcar por fora. Tentar fazer ski é tão divertido que parecia uma criança de boca aberta, deslumbrada com cada queda e cada vitória.
Foram três dias cheios. Um privilégio.
(Foto tirada nos pirinéus aragoneses, perto de Huesca)