segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Gente

Este fim de semana estive em Lagos e conheci uma senhora que criou seis filhos sozinha. Também fiquei a saber onde é que se vendem os melhores bolos regionais com amêndoa nacional através do Sr. Costinha, com quem falei numa pastelaria. Apesar da chuva, o peixe assado continua delicioso. E as pessoas que se cruzaram comigo nestes dias deram-me o que eu mais amo. Uma certeza de que há gente. De que há pessoas com histórias, dispostas a partilhá-las numa mesa comprida e de bancos corridos.
A senhora, de quem nunca cheguei a saber o nome, saiu de casa e de um casamento violento com os seis filhos e consegui criá-los totalmente sozinha. Tinha e tem três empregos diferentes apesar dos seus 60 anos. Continua a limpar uma clínica, a ser interna numa casa de gente com algum dinheiro e ainda cuida de uma idosa senil. Tem o rosto digno e muitos netos que a adoram. O amor alimenta. Cada vez tenho mais certezas quanto a isso. Se não fosse o amor que ela tem pelos filhos (e por ela própria) nunca teria deixado o marido. "A minha vida dava um livro", disse-me, quando lhe perguntei como é que conseguiu sair de casa, a pé, com seis crianças pelas mãos. Há livros que mereciam ser escritos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma realizadora de cinena cujo nome não me acuerdo resolveu fazer um filme/documentário pegando em vários "anónimos". Vi uma vez no King. Amei!

Cada vida de cada um dos habitantes deste planeta dava um belo filme!

marisa