domingo, março 16, 2008

Uma hora pequenina

À medida que o tempo avança, a interacção com os outros muda. Nos primeiros meses, são as dicas para ultrapassar os enjoos - um mar de gente a aconselhar ter uma bolacha na mesa de cabeceira para comer antes de deitar e não passar fome durante a noite. Depois, seguem-se os palpites sobre o sexo. A barriga empinada para a frente é rapaz, uma barriga "espalhada" é rapariga.
O segundo trimestre é fantástico. As pessoas começam a querer tocar na barriga, invadindo mesmo sem querer um espaço intímo. Talvez o mais intimo que uma mulher possa ter. Eu também gosto de tocar nas barrigas das grávidas, mas hoje tenho pudor em fazê-lo. Acho que é porque não gosto que toquem na minha.
Nesta fase, em que a barriga ocupa espaço, não há melhor momento do que ter o pai a sussurrar coisas para dentro do ventre. A falar com um bebé que só conhecemos das ecografias e dos movimentos que faz dentro da sua casa apertadinha. Ou os avós que o cumprimentam sempre antes de dizer olá à grávida :)
No último trimestre, começam os desejos de "uma hora pequenina". No supermercado, na farmácia, em todo o lado, todas as mulheres - e mesmo homens - formulam esse desejo. Mas eu aprendi que ter horas pequeninas não é bom. É como se todas as dores que é suposto sentir para o corpo se preparar para o nascimento do bebé se juntassem em catadupa. Por isso eu só quero ter uma hora normal. Um parto normal, um bebé normal, um momento normal, igual às estatísticas, na média. Normal.

2 comentários:

Trinity disse...

Que assim seja, como tu queres.
Quando as dores começarem a ficar mais difíceis, lembra-te que não tarda nada, ele estará no teu colo.
Imagina como será o seu cheiro, a temperatura da pele dele encostada à tua, o suave oscilar do peito em cada lufada de ar, o toque das pequenas mãos que apertarão o teu dedo sempre que dele te aproximares, os sorrisos que vão surgir naquela carinha com que todos os dias sonhas mas que todos os dias esqueces...
Imagina e enche-te de coragem.
Um abraço forte e mil beijos, para partilhares com o pai ;)

Anónimo disse...

Está quase quase...